Colunista Capitão Horizonte

A mudança da Feira Livre de Várzea Alegre é um desrespeito à tradição e aos feirantes

A mudança da Feira Livre de Várzea Alegre gera insatisfação, destacando a falta de diálogo da gestão municipal com a população.

Publicado em 02/12/2024 12:06
Por Redação Escotilha
Em Opinião
Compartilhe:

A decisão da Prefeitura de Várzea Alegre de transferir a Feira Livre Popular para a Rua Antônio Alves de Lima, próxima ao Centro Social Urbano (CSU), vem gerando forte insatisfação entre os feirantes e revela, mais uma vez, a ausência de diálogo do prefeito com a população. Essa prática, infelizmente, tem se tornado uma marca da gestão municipal, que opta por decisões unilaterais sem considerar os impactos diretos sobre a vida das pessoas.

Deixo claro que minha crítica não se trata de oportunismo ou sensacionalismo, mas de uma revolta genuína pela forma como essa decisão foi tomada, desrespeitando a tradição e ignorando os trabalhadores diretamente afetados. Cresci no coração da Feira Livre de Várzea Alegre, um espaço que vai além de simples transações comerciais. Ela é o reflexo da nossa cultura, um ponto de encontro que reúne histórias, sabores e a essência do nosso povo. É lamentável que algo tão valioso não receba o devido reconhecimento como patrimônio cultural do município.

A feira não é apenas um mercado; é parte da identidade de Várzea Alegre. Sua preservação é mais do que uma questão econômica; é uma luta por nossa história e tradições.

A Feira Livre de Várzea Alegre é uma tradição consolidada, que movimenta a economia local e reúne feirantes e consumidores aos sábados na Rua Murilo Ribeiro Teixeira e adjacências. Como acontece em muitas cidades grandes, as feiras são mantidas em bairros ou regiões centrais devido ao fluxo de pessoas e à acessibilidade que proporcionam. A tentativa de deslocar essa atividade para um espaço mais afastado do centro é vista como uma ameaça à sua vitalidade, podendo impactar negativamente tanto os feirantes quanto os consumidores.

O argumento de que a mudança é necessária por conta do Novo Mercado Público não se sustenta sem um planejamento que considere os anseios dos trabalhadores. O mínimo que se esperava da gestão era uma reunião com os feirantes, permitindo o debate, esclarecendo dúvidas e buscando alternativas viáveis. Contudo, isso não ocorreu. O prefeito foi negligente ao impor a mudança sem ouvir quem será diretamente afetado.

Além disso, a exigência de que os feirantes procurem o Núcleo de Administração Tributária (NAT) para tratar de taxas pelo uso do novo espaço apenas reforça o descontentamento. Como cobrar mais desses trabalhadores quando muitos sequer sabem se terão o mesmo público no novo local? A localização afastada e o menor fluxo de consumidores podem comprometer drasticamente a renda de famílias que dependem exclusivamente da feira para sobreviver.

Essa postura da Prefeitura contraria a lógica de valorização da tradição e do diálogo com a população. As feiras livres, em qualquer lugar do mundo, são parte essencial da identidade cultural e econômica de uma cidade. Em Várzea Alegre, o desprezo por essa herança demonstra uma visão desconectada da realidade local e das necessidades da comunidade.

É hora de o prefeito reavaliar sua postura e, sobretudo, repensar essa decisão. Ouvir os feirantes, buscar alternativas conjuntas e respeitar a história de Várzea Alegre é o mínimo que se espera de uma gestão comprometida com o bem-estar coletivo. A imposição autoritária não é o caminho; o diálogo, sim, pode construir soluções melhores e mais justas para todos.