Aumento da Desaprovação do Governo Lula e Suas Consequências
Auxílio emergenciais como Bolsa Família, Pé de Meia e outras ações que trazem aumento de gastos do setor público já não geram o resultado eleitoral de antigamente

Uma pesquisa divulgada no dia 26/02/2025 pelo instituto Quaest, que ouviu 6.630 pessoas em oito estados brasileiros apontou altos níveis de desaprovação do Governo Lula.
Em estados como RJ, SP e MG os índices de desaprovação alcançaram valores próximos a 69%. Porém o resultado que sinalizou mudança de comportamento do eleitorado de maneira mais preocupante para o governo foi nos estados da BA e PE, onde o PT sempre possui alta margem de aprovação. Dessa vez a DESAPROVAÇÃO foi o sentimento da maioria dos entrevistados, sendo 51% e 50% respectivamente.
O resultado espelha o problema conjuntural e estrutural que o Governo Lula vivencia. No primeiro aspecto, o presidente não consegue cumprir suas promessas de campanha, gerando frustração em seu eleitorado. Lula, que na campanha presidencial de 2022 chegou a prometer que o brasileiro voltaria a “comer picanha e tomar cerveja gelada”, hoje se depara com uma crise nacional em relação ao aumento do preço de alimentos básicos como o café e os ovos, que se associam a outros aumentos em itens de cesta básica, combustíveis, preços de serviços etc., que diminuíram substancialmente o poder de compra do brasileiro.
Apesar de bons indicadores econômicos como o PIB e desemprego, a percepção da situação da economia em geral não é boa, gerando um paradoxo que leva a análise da aprovação do governo também para a esfera estrutural.
A aliança formada pelo PT para vencer as eleições de 2022 com os partidos que carregavam o sentimento anti-bolsonarista criou uma coalização sem agenda governamental, com o chamado Partido dos Trabalhadores perdendo identidade com as suas bases eleitorais históricas.
O Brasil nos últimos anos tem sofrido um fenômeno de precarização do trabalho, com o surgimento de uma geração de pequenos empreendedores nas classes C e D que cada vez mais se distanciam das plataformas dos partidos ditos de esquerda. A obtenção de diploma universitário passa a não ser mais prioridade entre esses setores, que centralizam seus esforços de desenvolvimento como consequência do próprio trabalho, sem o auxílio do Poder Público, que na visão deles só atrapalha.
O crescimento da população denominada evangélica, que saiu de 6% na década de 80 para 30% em 2024, com uma mentalidade mais conservadora e menos ligada ao Estado foi outro fator que fez aumentar a rejeição ao modelo de governo petista.
A Segurança, com o crescimento do poder do crime organizado, passa a ser uma das áreas onda a população mais se sente desassistida. Escândalos de corrupção como as Emendas Pix e outros fatos que descredibilizam a classe política brasileira.
Auxílio emergenciais como Bolsa Família, Pé de Meia e outras ações que trazem aumento de gastos do setor público já não geram o resultado eleitoral de antigamente, pois a população estabeleceu um padrão de senso crítico mais sofisticado e ligado ao bem-estar social de um modo mais abrangente e estruturado e menos imediato.
A receita do Governo Lula de prometer “plantar para colher” precisa ser mais convincente e real. Um governo que ainda não estabeleceu uma marca após mais da metade do mandato certamente enfrentará grandes dificuldades eleitorais em 2026, ano este que já está “batendo na porta”.
Por Pablo Rolim