O Brasil e a Inversão de Valores: O Rótulo Acima do Mérito
O Brasil precisa urgentemente resgatar o senso de mérito, o reconhecimento do esforço e da dedicação como verdadeiros critérios de ascensão

Nos últimos anos, o Brasil tem caminhado em uma direção preocupante: um país que deveria valorizar o mérito e a luta individual, agora se rende a rótulos e classificações que, em vez de promover igualdade, aprofundam ainda mais as desigualdades. Um dos exemplos mais recentes e controversos é a aprovação de cotas para pessoas transexuais, uma decisão que ignora o verdadeiro propósito das políticas afirmativas e compromete a justiça social.
O objetivo inicial das cotas era corrigir desigualdades históricas e oferecer oportunidades àqueles que realmente enfrentam barreiras sociais e econômicas para ascender na vida. No entanto, a inclusão de um critério baseado exclusivamente na identidade de gênero, sem considerar o contexto socioeconômico, cria uma situação absurda: um transexual milionário pode ter acesso a benefícios que deveriam ser destinados a pessoas realmente necessitadas.
O que isso representa? O rótulo sobrepondo-se ao mérito, à luta, ao esforço individual e à verdadeira necessidade. Como psicólogo clínico, observo diariamente a luta de inúmeras pessoas para conquistar seu espaço, superar traumas e construir um futuro digno. Vejo jovens de baixa renda batalhando para entrar em uma universidade pública, muitas vezes sem acesso a uma educação de qualidade, enfrentando dificuldades financeiras e sociais que realmente os colocam em desvantagem.
E agora, esses mesmos jovens podem ser preteridos por alguém que, independentemente da sua condição financeira, se encaixa em um grupo que, politicamente, ganhou prioridade. Isso não é progresso. Isso é regressão. Criar uma sociedade baseada em rótulos e privilégios identitários apenas perpetua injustiças e gera ressentimento. O Brasil precisa urgentemente resgatar o senso de mérito, o reconhecimento do esforço e da dedicação como verdadeiros critérios de ascensão.
Não se trata de negar os desafios enfrentados por pessoas trans, mas sim de reconhecer que a vulnerabilidade social não deve ser medida apenas por identidade de gênero, mas por fatores reais que impactam diretamente as oportunidades de cada indivíduo. É lamentável perceber que, enquanto países desenvolvidos avançam na valorização do mérito e da competência, o Brasil continua apostando em políticas que, longe de promover igualdade, reforçam divisões e injustiças.
O caminho para um futuro melhor não está em criar novas categorias de privilégio, mas em garantir que o esforço, a dedicação e a competência sejam os verdadeiros critérios para o sucesso.
Por Paulo Costs