Noite de terror: Jovem denuncia ter tido parte da bochecha arrancada após mordida de ex

Lucas Gomes Lopes, de 22 anos, foi preso em flagrante, no bairro Aldeota, por lesão corporal dolosa no contexto de violência doméstica. Vítima narra a série de agressões e tentativa de homicídio que sofreu

Uma mulher teve parte da bochecha arrancada ao ser mordida pelo então namorado durante uma sessão de agressões que, conforme ela, durou entre 40 minutos e uma hora. O caso ocorreu na madrugada do dia 20 de fevereiro e o homem, identificado como Lucas Gomes Lopes, de 22 anos, foi preso em flagrante.

A vítima, que conversou com O POVO sob condição de não ter o nome divulgado, narra que, além da mordida, Lucas a esmurrou, tentou estrangulá-la, bateu a cabeça dela na parede, entre outras violências. Ele ainda teria tentado jogá-la do 13º andar do prédio onde as agressões se deram.

Por conta da mordida, a vítima precisou ser suturada com cerca de seis pontos. Ela ainda relata ter passado a fazer acompanhamento psicológico, por ter ficado muito abalada com o episódio, além de outros cuidados médicos que os ferimentos requerem.

A jovem conta que as agressões tiveram início quando os dois chegaram ao apartamento após uma festa de Carnaval. Conforme seu relato, ela achou algumas anotações feitas pelo então namorado, em que ele dizia que a odiava e que odiava o relacionamento entre os dois.

A vítima diz que já havia tentado terminar algumas vezes o namoro, que durava cerca de 10 meses, mas, segundo ela, Lucas insistia para que continuassem juntos. O namorado já teria tido alguns episódios de violência, como em uma vez em que ele desferiu chutes na jovem enquanto andavam por uma rua.

Entretanto, nas semanas anteriores à agressão, ela diz, Lucas ficou mais agressivo. Uma semana antes do episódio, ele teria quebrado o celular dela. O ex também “ficava como se estivesse se controlando” para não agredi-la, segundo a vítima.

Ao ser questionado sobre os escritos, Lucas afirmou que era apenas um “desabafo”. A jovem, então, disse que iria embora, mas ele não permitiu, trancando os dois em um quarto, conta ela. Foi quando teve início a sessão de agressão, remonta a moça.

“Eu pedi para que ele me deixasse sair e ele disse que não ia sair. Ele começou a me enforcar. Eu tentei correr, fui ao banheiro e comecei a tossir sangue e ele disse que eu mereci aquilo”. Após isso, Lucas teria permitido que a jovem saísse do quarto, momento em que ela conseguiu pegar o celular, trancar-se em um banheiro e acionar a Polícia.

Essa atitude teria feito com que Lucas se “descontrolasse”. “Ele arrombou a porta do banheiro e disse que eu tinha acabado com a vida dele. Aí, ele me jogou no chão e começou a me bater, para que eu dissesse à Polícia que era um trote”.

Depois, Lucas ainda a teria ameaçado com uma chave de fenda, arranhando-a “um pouco” com o instrumento. A jovem conseguiu fugir para a varanda e se apoderou de uma estátua de bronze.

Ela conta que, neste momento, a situação parecia ter se acalmado. Ele pediu que ela soltasse a estátua e que passassem a conversar. Mas, quando ela largou o objeto, Lucas a teria agarrado e tentado jogá-la do 13º andar. Foi neste momento, conta a jovem, que ele mordeu o rosto dela até arrancar uma parte da bochecha.

“Quando ele viu que ele e eu estávamos todos sujos de sangue, ele disse: “olha o ponto que chegou”. E, aí, foi quando ele disse “não, agora acabou, eu vou te matar” e tentou me jogar de novo (do apartamento). Consegui sair, não lembro como, mas corri para o quarto dos pais dele. Foi quando a PM chegou”.

A prisão de Lucas

Apesar disso, os militares não conseguiram acesso ao apartamento imediatamente. Os PMs interfonaram e tanto a jovem quanto Lucas atenderam à chamada. Ele tentou dizer que a denúncia era uma mentira.

A vítima conta que só conseguiu sair do apartamento e ir ao encontro dos PMs quando ouviu o barulho da chave eletrônica da porta e ter visto que o agora ex-namorado havia saído. A jovem narra que, enquanto era amparada pelos PMs, Lucas voltou ao apartamento, trancou-se, tomou banho, limpou o sangue e “colocou a melhor roupa” para só então abrir a porta para os PMs e, finalmente, ser preso. Conforme os PMs que atenderam à ocorrência, somente após falar com o pai pelo telefone, Lucas abriu a porta.

Enquanto isso, a namorada foi encaminhada ao Instituto Dr. José Frota (IJF) para receber os atendimentos médicos. Em seguida, ela prestou depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDMFOR) e fez exame de corpo de delito. Uma medida protetiva, que impede a aproximação do agressor, também foi concedida.

Lucas teve a prisão em flagrante convertida em preventiva em audiência de custódia e segue preso. Conforme publicado na edição do último dia 27 de fevereiro do Diário de Justiça do Estado do Ceará (DJCE), o 2º Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher negou pedido de liberdade provisória impetrado pela defesa de Lucas.

Em seu depoimento, Lucas usou do direito de ficar em silêncio. O POVO entrou em contato com o advogado que faz a defesa do acusado, mas ele disse não estar autorizado a falar sobre o caso. O processo corre em segredo de Justiça.

Vítima pede justiça

Enquanto isso, sua agora ex-namorada pede o “mais básico”: que ele pague pelo que fez. “Do mesmo jeito que ele deixou uma marca no meu rosto — eu tenho só 21 anos e vou ter uma cicatriz que vai ficar para sempre —, eu quero que ele também fique marcado para sempre”, diz.

“Eu iria me formar esse ano e vou precisar trancar a universidade principalmente pelo meu psicológico. Perdi várias oportunidades de emprego, minha autoestima vai ser totalmente abalada. Foi um ato bárbaro, foi muito violento. Eu jorrei sangue igual uma torneira e ele ainda teve a frieza de trocar de roupa pra ser preso. Dói na alma, nenhuma mulher merece passar por isso”.

Confira nota da SSPDS sobre o caso

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que equipes da 1ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram acionadas via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), na noite desse domingo (19), para atender a uma ocorrência de lesão corporal dolosa no contexto de violência doméstica, registrada em um apartamento no bairro Aldeota – Área Integrada de Segurança 1 (AIS 1) de Fortaleza.

Conforme as informações policiais, a vítima, uma mulher de 21 anos, foi lesionada pelo namorado, um homem de 22 anos, em um imóvel. A vítima e o suspeito se relacionavam há cerca de um ano. Na noite de domingo (19), após uma discussão o homem lesionou a vítima. A Polícia foi acionada e a vítima foi socorrida para uma unidade hospitalar. Já o suspeito foi conduzido pelos policiais militares para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza, unidade especializada da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), onde ele foi autuado em flagrante por lesão corporal dolosa no contexto de violência doméstica. A vítima realizou exame de corpo de delito e solicitou medida protetiva de urgência.

Denúncias

As denúncias podem ser feitas pelo telefone (85) 3108-2950, da DDM de Fortaleza. O sigilo e o anonimato são garantidos.

As denúncias também podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.

O Povo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezesseis − 13 =