Da janela do ônibus…
Da janela do ônibus, avistava o esplêndido brilho da lua, que caminhava sorrateiramente e parecia me seguir…
Era tão vistosa e reluzente, que iluminava a minha alma.
Apreciava com tanto afago, me parecia estar encantada, pela sua ternura, e por me acompanhar na viagem.
Ela bem ali, do meu lado, quase que palpável, mas existia uma longitude inalcançavel… E o que nos aproximava, era a reciprocidade da presença e o afago que acalmava o meu coração.
Enquanto os pneus do ônibus sucateavam no solo, ela parecia caminhar com lentidão, com a superioridade do seu brilho. Estava sempre ali, do meu lado, sem perder a direção. Me seguia permanentemente.
Refleti e perguntei-me, como explica essa magnífica magia. Antes de falar, resolvi permanecer calada. Não tinha explicação, só sei que era motivo de muita gratidão em tê-la ao meu lado durante a viagem.
A solidão não prevalece quando temos razão para pensar, sentir e até se emocionar. Aquela reflexão, diante do teu brilho, deixou um mero silêncio, que gritava aqui dentro, sem necessidade para explicar.
Dacilene de França – escritora