Discurso para Inglês Ver: O Trem Sem Trilhos e o Maquinista Sumido
O trem segue sem freios, a ladeira é íngreme, e o maquinista — bem, esse parece ter sumido no meio do caminho.

O prefeito Evandro Leitão, em sua tentativa de justificar a crescente impopularidade do governo Lula, lançou mão de uma metáfora ferroviária: "Quando o trem está descarrilhado, tem que se botar no lugar." Bonito na teoria, mas, na prática, o problema é bem mais grave do que um simples descarrilamento. O trem chamado Brasil não apenas saiu dos trilhos — ele vem sendo conduzido por um maquinista que parece ter perdido o mapa, a bússola e, quem sabe, até a própria noção da rota que deveria seguir.
A gestão atual tem demonstrado um talento peculiar: gasta muito e entrega pouco. E faço questão de enfatizar a palavra gastos, pois há uma grande diferença entre investimento e desperdício. O governo se esmera em justificar despesas astronômicas, mas a população segue sem ver retornos concretos. A máquina estatal cresce, os impostos aumentam, e a qualidade dos serviços continua em queda. Enquanto isso, os discursos oficiais tentam pintar um cenário de prosperidade que simplesmente não encontra respaldo na realidade.
Claro, entendo a posição do prefeito. Como um bom neo-socialista, ele precisa, vez ou outra, justificar o injustificável. Afinal, não é fácil defender um governo que, apesar de prometer eficiência e progresso, tropeça na própria gestão e se apoia em uma base ideológica que já demonstrou suas fragilidades ao longo da história.
Se voltarmos um pouco no tempo, veremos que o primeiro governo Lula surfou em uma onda favorável. O que garantiu crescimento econômico naquela época? Não foi exatamente genialidade administrativa, mas sim um conjunto de fatores externos e internos que facilitaram o caminho. Os ajustes impopulares promovidos por Fernando Henrique Cardoso, a estabilização da inflação, a consolidação do Plano Real e uma reserva cambial robusta permitiram ao Brasil navegar relativamente bem pelos primeiros anos da era petista. Além disso, a valorização das commodities impulsionou a economia, trazendo receitas inesperadas e mascarando ineficiências estruturais.
Contudo, quando essa maré favorável passou, o que vimos foi uma sucessão de equívocos, escândalos e políticas públicas desastrosas. Em vez de promover reformas estruturais, o governo preferiu expandir o Estado, aumentar a carga tributária e criar uma rede de assistencialismo que, embora tenha tido impactos sociais, foi conduzida de maneira irresponsável do ponto de vista fiscal. O resultado? Uma economia fragilizada, investidores inseguros e um país cada vez mais dependente de soluções paliativas.
E agora, no terceiro mandato de Lula, a história parece se repetir — mas sem os mesmos ventos favoráveis de antes. O cenário internacional mudou, o Brasil já não tem a mesma credibilidade no mercado global, e a população, cansada de promessas vazias, começa a perceber que o discurso progressista nem sempre se traduz em progresso real.
Dito isso, reconheço que o prefeito Evandro Leitão tem feito um início de gestão promissor. Mas deixo um conselho não apenas para ele, mas para todos os brasileiros: apertem os cintos. O trem segue sem freios, a ladeira é íngreme, e o maquinista — bem, esse parece ter sumido no meio do caminho.
Pense nisso!
A vida nos exige coragem.
Por Hamillton Vale