O pão saiu da fornalha
Na política, tempo e conveniência andam de mãos dadas — e paciência é sempre um investimento estratégico

No cenário político cearense, Roberto Cláudio resolveu afiar a língua contra os governos de Lula e Elmano, classificando-os como “hegemonia arrogante e incompetente”. Segundo ele, Lula caiu na popularidade porque prometeu mais do que entregou, enquanto Elmano compartilha do mesmo estilo de gestão ineficaz. Porém, ao falar de Evandro Leitão, o tom foi bem mais brando. Roberto Cláudio pediu “tempo” para o prefeito de Fortaleza mostrar a que veio, uma cortesia que não teve com Lula e Elmano.
A estratégia é no mínimo curiosa, especialmente porque uma ala do PDT — partido de Roberto Cláudio — mantém apoio a Evandro na Câmara Municipal e ocupa cargos na gestão. Parece que a paciência política é um artigo personalizado: cabe certinho para uns, mas aperta nos outros. Não criticar Evandro agora pode ser uma jogada inteligente, afinal, ninguém quer arrumar briga dentro de casa enquanto ainda se decide qual lado do barco vai afundar.
Enquanto isso, o capitão Wagner segue consolidando sua liderança na oposição. Sem papas na língua, ele critica abertamente Lula e Elmano, capitalizando o desgaste de ambos para fortalecer sua base. Roberto Cláudio, por outro lado, mantém uma postura mais calculada. Se de um lado ataca, do outro preserva. Ao contrário de Wagner, que se posiciona frontalmente contra o grupo governista, RC parece apostar no "deixa rolar" com Evandro, talvez esperando para ver para onde o vento vai soprar antes de tomar um lado definitivo.
Essa dinâmica cria um cenário político interessante: o capitão Wagner como a voz mais estridente da oposição, Roberto Cláudio equilibrando-se na crítica seletiva, e Evandro ganhando um voto de confiança... por enquanto. A estratégia é clara: quem se movimentar com mais habilidade nesse jogo de tempo e conveniência pode sair na frente.
No fim, Roberto Cláudio mostrou que sabe jogar nas entrelinhas. Não custa nada dar um “tempo” para Evandro, principalmente quando há alianças internas a considerar. Afinal, na política, tempo e conveniência andam de mãos dadas — e paciência é sempre um investimento estratégico.
Por Hamillton Vale
A vida nos exige coragem.