PF aprofunda investigação sobre esquema bilionário de corrupção em emendas parlamentares

O escândalo envolve parlamentares como Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), suspeitos de destinar vultuosas verbas a prefeituras em troca de pagamentos ilícitos

Publicado em 30/03/2025 21:42
Por Redação Escotilha
Em Política
PF aprofunda investigação sobre esquema bilionário de corrupção em emendas parlamentares
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A Polícia Federal (PF) avança na apuração de um dos maiores esquemas de corrupção envolvendo emendas parlamentares no Brasil. A investigação, que conta com o respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF), aponta para um sofisticado mecanismo de propinas que teria beneficiado políticos, empresários e lobistas, com destaque para os estados do Ceará e Maranhão.

O escândalo envolve parlamentares como Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), suspeitos de destinar vultuosas verbas a prefeituras em troca de pagamentos ilícitos. Um dos principais operadores do esquema, o empresário Pacovan, foi assassinado em 2024, em circunstâncias que levantam a hipótese de um acerto de contas motivado por dívidas não quitadas. As denúncias contra os deputados já foram acolhidas por ministros do STF, intensificando a pressão sobre os envolvidos.


Decisão judicial e impacto no Orçamento Secreto

Em um trecho de sua decisão, o ministro Flávio Dino destacou as irregularidades na liberação de recursos, enfatizando o descontrole institucional sobre o destino das emendas. "É de clareza solar que jamais houve tamanho desarranjo institucional com tanto dinheiro público em tão poucos anos. Com efeito, somadas as emendas parlamentares entre 2019 e 2024, chegamos ao montante pago de R$ 186,3 bilhões", escreveu Dino em 2 de dezembro.

O chamado "orçamento secreto", instituído entre 2015 e 2019, tornou-se um dos principais instrumentos de desvio de verbas públicas. As investigações apontam que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teria utilizado essa estrutura para favorecer aliados políticos, incluindo o ex-prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves. Também são investigados o senador Eduardo Gomes (PL-TO) e o ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA), suspeitos de envolvimento no desvio de recursos por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).


Operações da PF intensificam apuração

Ao longo de 2024 e 2025, a PF deflagrou diversas ações para aprofundar as investigações, destacando-se as operações "Overclean" e "Emenda Fast". No Ceará, o deputado Júnior Mano (PL-CE) é acusado de desviar 15% das emendas para abastecer um esquema de caixa dois e financiar campanhas municipais. Outro nome de peso nas investigações é o lobista João Batista Magalhães, ex-assessor do governo Bolsonaro, apontado como um dos articuladores do esquema.

As autoridades seguem ampliando o cerco aos envolvidos, buscando rastrear a destinação dos recursos e responsabilizar os agentes públicos e privados que lucraram ilicitamente com o esquema. Com novas etapas das investigações em andamento, a expectativa é que mais nomes sejam revelados e que o impacto político desse escândalo reverbere nos próximos meses.

Foto: Divulgação/PF

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